Esta semana trouxemos Rafael Sales o autor da série Silhuetas na Penumbra, que já foi comentada por nós aqui no blog, então vamos conhecer um pouquinho de seu trabalho e obras, que em minha humilde opinião é fascinante !!
Rafael, 2017 |
L&S: Quando perceberam que o seu destino era ser escritor?
RAFAEL: Na infância sempre tentei produzir arte, seja por meio
das ilustrações, teatro ou até mesmo nas tentativas desastrosas de cantar em
corais. Tenho uma verdadeira paixão pelas coisas que se escondem do lado
onírico e fascinado por aqueles que conseguem transpor tais coisas para o plano
físico, e é claro, sonhava em ser uma dessas pessoas.
Construí diversos roteiros para HQs e depois descobri
os jogos de RPG e vi grandes possibilidades criativas com isso. Desenvolvi
mundos ficcionais, personagens e cenários para campanhas duradouras e enredos
baseados nos universos dos jogos que elaborei em conjunto com meus amigos da
época. Acredito que aí começou a surgir o “escritor Rafael Sales”. Não demorou
e meu primeiro projeto de livro tomou forma na minha cabeça, ganhou alguns
cadernos e migrou para o computador e, então, me vi completamente imerso no
mundo das letras e da fantasia.
L&S: De onde vem os personagens? De alguma forma se relacionam com alguém que
conhece?
RAFAEL: Para um escritor, acredito, tudo é inspiração e não
seria diferente com as pessoas com quem convivemos ou encontramos na rua.
Características físicas, personalidades, trejeitos, tudo isto deve ficar
esperando em algum canto do meu subconsciente esperando o momento certo para
vir à luz.
L&S: Qual o seu livro e autor favorito? Guiam-se por eles na escrita de seus
livros?
RAFAEL: Me lembro do primeiro livro de autor nacional
contemporâneo que peguei e devorei. “Sementes no Gelo” do André Vianco foi a
porta de entrada para a literatura fantástica e desde então tenho ele como
“meta” a ser atingido. Seja pela inteligência, dedicação ou persistência em
fazer o seu sonho dar certo. E deu muito certo para ele.
L&S: Enquanto está escrevendo, partilha a história com alguém para pedir conselhos?
RAFAEL: Compartilhar sua história com outras pessoas é vital
para um escritor, sem os famosos (e muito necessários) betas, é arrisco demais
colocar no mundo alguma criação. Há aproximadamente um ano e meio, meus
escritos passam pelo crivo de uma pessoa em especial. Sem a aprovação dele, e
de alguns outros leitores, eu não dou como encerrado o capitulo, conto,
passagem do que estou trabalhando.
L&S: Quanto tempo demorou a escrever seu livro?
RAFAEL: A primeira versão do livro fechado da série “Silhuetas
na Penumbra” foi escrito em três meses, porém, já fazem quase sete anos que
amplio o universo criado na série e acrescento elementos que antes, com a minha
pouca idade e conhecimento, não era capaz.
L&S: Qual é a história dos seus livros?
RAFAEL: A série “Silhuetas na Penumbra” é composto por oito
contos, um volume bônus e um livro, basicamente é a história de uma garota que
foi amaldiçoada no momento que nasceu e será caçada por demônios e anjos
(retratados na série como Celestes). No meio dessa caçada, estão os Renegados,
um grupo de criaturas Híbridas que não pertencem a nenhum dos dois lados da
balança. Os contos, por sua vez, contam o passado de cada um dos Renegados,
assim como sua origem e sua busca pelo paradeiro de Elisa. Já no volume bônus
(Ritos da Criação), é narrado como se deu a criação de todas as coisas e o
estopim da guerra entre as forças do Caos e da Ordem. Tudo isso, misturado a
lendas e crenças nativas.
L&S: Como surgiu a ideia de produzir o livro?
RAFAEL: A primeira versão do livro, chamado apenas “Penumbra”,
surgiu após muitas noites de RPG. Foi uma das campanhas de maior duração. Eu
peguei o cenário e misturei a um sonho doido que tive. Após um período longo de
pausa, retomei a série com outros planos para ela, incluindo aí enredos
inspirados nas lendas e crenças indígenas adaptadas em prol da narrativa.
L&S: Algum personagem tem um pouco mais da sua personalidade? Qual?
RAFAEL: Posso ser um pouco leviano com esta resposta, mas quis
que os personagens da série fossem completamente diferentes de mim. Aí está a
graça de criar mundos, personagens, histórias.
L&S: Você sempre foi escritor? Como surgiu a vontade de escrever
profissionalmente?
RAFAEL: Escrever profissionalmente é um horizonte a se
atingir. Por enquanto vivo de outros ofícios e tento, em meio ao cotidiano
conturbado, um tempo para me dedicar ao segundo turno de trabalho (este, não
remunerado).
L&S: Qual foi a maior dificuldade
encontrada ao escrever os livros?
RAFAEL: Me desprender de pré-conceitos que eu tinha sobre
folclore, mitos e lendas nativas. Eu acreditava que não era possível uma
história de fantasia se passar com elementos e locais brasileiros. Achava que
“não combinava”, mas conheci autores e obras que esfregaram na minha cara que
eu estava completamente errado.
L&S: Quais dicas você dá para quem quer iniciar a carreira de escritor?
RAFAEL: Leia, leia muito, leia de tudo (ou quase tudo), e
pratique, coloque uma meta diária, busque por aperfeiçoamento sempre, seja em
cursos de escrita criativa, livros, podcast, portais, sempre busque melhorar.
Assim como em qualquer profissão, escrever pode ser um talento, mas nasce com
você de forma bruta, sem aperfeiçoamento será apenas alguém com talento sem
saber como usar tal ferramenta. Aprenda a filtrar comentários negativos e
positivos e sempre tire lições de ambos.
L&S: Quais são os amores e as dores
dessa profissão?
RAFAEL: É um trabalho de formiguinha, aí pode estar “as dores”
da profissão, você precisa ter paciência para tudo, (para uma ideia germinar na
sua cabeça, para receber uma resposta de uma editora, para ganhar leitores),
tudo gira em torno do tempo. O lado bom de produzir fantasia e que você acaba
vivendo nela, sempre tem um local para se refugiar e ainda existe a mágica de
quando um leitor se conecta com sua história, com seus personagens, permite que
você viva no seu imaginário, isto supera qualquer frustração encontrada durante
a jornada.
Entrevistador: Joyce Almeida
Muito obrigado pelo espaço e pela oportunidade de me apresentar aos seus leitores, Joyce.
ResponderExcluirGrande abraço!
Imagina ^^)
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